Nome Da Espécie
Características Morfológicas
O corpo é estreito e comprido lateralmente, com escamas pequenas e finas. A sua coloração é prateada na zona do ventre, sendo a zona dorsal castanho claro e quase amarelo lateralmente, apresentando por vezes reflexos rosados e alguns pontos negros espalhados pelos flancos.
A cabeça é pequena, com olhos relativamente grandes e a boca tem a abertura virada para cima, o que indica uma alimentação há superfície da água. Tem uma reduzida longevidade, de 3 a 4 anos.
Distribuição e Abundância
A sua distribuição está muito limitada a alguns cursos de água da Península Ibérica. Trata-se de uma espécie da bacia hidrográfica do rio Guadiana, não existindo por isso em qualquer outro sistema fluvial. Curiosamente, apesar de só existir nesta bacia, nunca foi detectado no troço principal do rio. Em Portugal foi detectado em dez das ribeiras afluentes do Guadiana: Xévora, Caia, Álamo, Degebe, Ardila, Chança, Carreiras, Vascão, Foupana e Odeleite.
Habitat
Alimentação
Reprodução
Rápido crescimento durante o primeiro ano de vida, ao fim do qual ocorre a maturação sexual, não apresentando dimorfismo sexual. Realiza a postura várias vezes na Primavera, entre Abril e finais de Maio, não ultrapassando a centena de ovos em cada uma delas. Efectua migrações de reprodução para montante, descendo para zonas inferiores, locais de maior produtividade e estabilidade ambiental. Apresenta baixa taxa de fecundidade.
Estatuto De Conservação
Global (IUCN 1994): EN (Em perigo de Extinção)
Nacional (Cabral et al. em publ.): CR (Criticamente em Perigo de Extinção)
Espanha (Doadrio (ed.) 2001): EN (Em perigo de Extinção)
É um dos peixes de água doce mais ameaçados da Europa, correndo risco de extinção. É por isso classificado como “Criticamente em Perigo” pelo Novo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal e como “Em Perigo” pela IUCN Red List of Threatened Species, constando também na lista de espécies da Rede Natura 2000.
A espécie encontra-se em regressão acentuada, tendo sofrido uma redução apreciável nas últimas duas décadas, particularmente as populações da região central e superior da bacia do Guadiana em território nacional. O declínio verifica-se tanto em termos de abundância como de distribuição, admitindo-se que a população tenha sofrido uma redução de 80% do número de efectivos nos últimos 10 anos. Em Espanha, a situação é idêntica, apresentando uma área de habitat utilizável inferior a 100 Km2.
A situação actual do Saramugo é um exemplo das consequências nefastas que uma má gestão dos habitats dulciaquícolas podem trazer.
Medidas De Conservação
O plano de gestão foi desenvolvido com base nos principais problemas que foram identificados como tendo um forte impacto nos stocks da espécie. As medidas propostas, com base num conjunto de opções para o Guadiana, incluem:
1. A designação de sítios, por níveis de prioridade, para inclusão na Rede
Natura 2000;
2. A reabilitação dos cursos de água em que a espécie existe ou tem
possibilidade de existir;
3. O estabelecimento do valor do recurso piscícola e de uma consciência
conservacionista;
4. A formulação de medidas específicas que regulem as várias actividades
antrópicas;
5. A integração efectiva da conservação da ictiofauna no Plano de Bacia
Hidrográfica do rio Guadiana;
6. O estabelecimento de colaborações transfronteiriças que promovam
uma gestão integrada dos recursos aquáticos;
7. A realização de acções de repovoamento;
8. Ensaios de reprodução em sistemas fechados;9. Sensibilização para o perigo da introdução de espécies exóticas, para a importância do controlo de pesca de espécies ameaçadas e para as consequências da destruição de margens e leitos dos rios devido por exemplo.